quarta-feira, 22 de setembro de 2010

domingo, 19 de setembro de 2010

POLÍTICA?


Você vota para presidente de banco?

Você vota para diretor de telejornal?


Não adentremos qualquer metafísica. Somos corpo e mente.

Somos corpo e mente.


No mundo em que vivemos, o corpo é alimentado com dinheiro.

Somos ainda seres dependentes do sol, da água, de tudo o que sempre dependemos, mas hoje tudo se compra com essas fichinhas, o chamado dinheiro.

Seja ele um pedaço de papel ou um número de créditos em uma conta.

Hoje é tudo indireto, cheio de intermediários. Quer ir à praia? Contrate uma agência de viagens, isso, aquilo, aquilo outro, pague a passagem, o hotel, alugue a cadeira e sente-se de frente para o mar.

Não vá à praia da sua cidade. Não more na praia. Isso: não more na praia.


No mundo em que vivemos, essas fichinhas estão nas mãos do presidente do banco, cuja escolha ou direcionamento não depende de você.

Sem essas fichinhas, você não joga no mundo da matéria.


No mundo em que vivemos, a mente é alimentada pelos meios de comunicação.


Além da escola, que, sabemos, é cada vez mais precária e destinada a formar técnicos, é através da famosa mídia (do latim 'media' = meios, acrescido do sotaque anglo-americano, que transforma o 'e' em 'i') que se forma nosso discurso.

Se hoje você conversa comigo sobre o presidente da República, sobre o furo na meia dele, e não sobre a girafa que faleceu em Botswana, é porque você assistiu ao assunto no telejornal.


Essa escolha, essa eleição de quais assuntos ocuparão a sua mente e quais assuntos passarão despercebidos, não passa pelo seu voto.


Até ontem, havia ainda o paliativo de que eram profissionais em jornalismo que cuidavam disso. Era como os ainda citados "especialistas", que servem para embasar qualquer discurso conveniente. Até ontem, eram "especialistas" que cuidavam das notícias. Agora isso caiu também. De qualquer forma, era apenas uma ilusão.

Hoje, no mundo em que vivemos, o presidente da empresa escolhe o presidente do telejornal. Esse seleciona segundo os critérios que quiser, afinal, tratamos aqui de uma empresa "livre", que pode usar termos como "qualidade", "imparcialidade" e outros com o mesmo vazio de sentido que qualquer outra usaria.

Essa eleição, essa seleção de assuntos, de enfoques, de opiniões de "especialistas" escolhidos a dedo por suas próprias opiniões convenientes, não depende de você.


Nesse sentido, sim, sua única margem de manobra é, na prática, o controle remoto, é claro. Pense, no entanto, que vivemos uma realidade onde cada vez menos gente controla esses meios de comunicação. Sendo bem pragmático, no Brasil, existe uma empresa de comunicação que concentra, sozinha, cerca de 80% da publicidade nacional.

Oitenta porcento.

O resto é concorrência.


No âmbito internacional, a situação não difere tanto, guardadas as devidas proporções: duas ou três agências de notícias difundem pelo planeta sua visão bastante particular da realidade. Quando a notícia é veiculada, já em um nível mais local, como o brasileiro, há empresas dessas que têm contratos de exclusividade de conteúdo. Sim, se você reproduz uma matéria vinda de uma dessas agências, nesse caso, você não pode alterar uma vírgula. Você, "especialista", pode apenas traduzir o que veio pronto.

O resto é concorrência.


Muito bem: no mundo em que vivemos, o que é arte ou ficção fica compartimentado no setor do entretenimento.

No mundo em que vivemos, o que é fato, notícia, fica compartimentado no setor do jornalismo.


Ligue a sua TV no horário do seu telejornal favorito.

Quem é o patrocinador?

É um banco.


Partidos políticos são órgãos transplantados ao seio da sociedade. Certos órgãos são aceitos, outros são rejeitados sistematicamente. Quem dita a fisiologia desse organismo são justamente a cabeça e o coração.

Ou a cabeça e o bolso, como os próprios teóricos da modernidade dizem sem o menor pudor.

Política? Passo (mal).



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sábado, 18 de setembro de 2010

UMA QUESTÃO PARA SARKAR


Namaskar, baba.

Inclino-me diante de mim mesmo, projetando a consciência para onde não é dentro ou fora, esvaziando a mente de qualquer resíduo e submetendo o espírito e o olhar a tudo o que maya não seja capaz de nublar, entregando o ego e qualquer anseio por recompensa pessoal, vontade de potência ou coisa que o valha.

Mahaguru,

íntima, sossegada e pacientemente, eu pergunto:

um sadvipra é um bodhisattva com espírito de luta no campo social.

Mas é luta?

É isso mesmo?


Existe algum caminho para a elevação coletiva que não pretenda sacar de seu assento qualquer figura que já tenha ali chegado, tendo-o feito por seus próprios méritos?

Existe um caminho para se ajudar a desenvolver o que há de vipra em cada comerciante, guerreiro, intelectual, trabalhador?

Sim, próprios méritos. Méritos legítimos quando levadas em conta as regras do jogo atual.

Eximo-me de adentrar os meandros das responsabilidades e das paixões humanas. Eximo-me de diferenciar mérito e demérito. Faço isso por conhecer na pele o resultado da aproximação em espírito: é o sofrimento dos mundos inferiores, seja o físico, o material, ou mesmo o psicológico.

Sendo assim, distanciado em espírito e em posição social de qualquer mecanismo formal de poder, pretendendo no máximo uma formal e segura posição lateral de aceitação e consulta,

inclino-me em meditação e pergunto:

espírito de luta?


Aguardo a claridade.

Namastê.

Oceanos de flores.

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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O PRÓXIMO FUTURO DISTÓPICO


Brasil, ano de 2012,

a presidente da República Dilma Rousseff, influenciada por um impulso do ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu,

que, bastante interessado na seara internacional dos companheiros Samuel Pinheiro Guimarães, Marco Aurélio Garcia e Celso Amorim,

morde a isca colocada pela ONU, que, em 2010, declarara, por meio de seu recém-empossado secretariado, que "o desafio do novo governo" seria encontrar e julgar os militares do golpe de 1964,

algo pelo que a presidente e o ministro-chefe ansiavam há décadas, como se anseia por algum tabu muito arraigado em nós pela censura externa, que insiste em negar o que nossa parcela animal sofreu na pele,

se coloca acidentalmente acima da decisão do STF, que aprovara a famosa auto-anistia apresentada outrora pelo recém auto-demitido ministro da Defesa Nelson Jobim, que,

com sua saída, evidentemente, provocou um motim no meio do generalato indicado por ele mesmo, atendendo às novas regras da Defesa nacional, que subordina ao ministro, e não ao presidente, a escolha desses generais,

originando, assim, uma legítima, embora nada inédita,

crise na Defesa,

dando origem à manchete-bomba, publicada em coro pelas redações e sucursais de todo o planeta:

"Dilma vai contra STF e persegue autoridades militares".


Nesse dia, o acordo de cooperação militar Brasil-Inglaterra é automaticamente acionado pelo novo presidente Michel Temer, que, contando com o apoio maciço dos cara-tingida, investe bilhões de reais nos laboratórios farmacêuticos ligados ao ministro José Serra, a fim de ao menos sanar um tanto da ansiedade e do terror que haverão difundido por dentre as almofadas das poltronas compradas a prestação pela população cheia de crédito nos bolsos - digo: nas contas bancárias.


E aí,

tudo permanecerá igual.



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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A PALAVRA






Em terra de cegos, quem tem um olho é mudo.











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domingo, 12 de setembro de 2010

A CONDIÇÃO HUMANA





Tenho um par de asas.
Tenho um par de muletas.




"That's what's got ya down"






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sábado, 11 de setembro de 2010

A REDENÇÃO






Tudo já foi dito.
Agora só falta sentir.










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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A KABALA DO BEBOP


Kabala prática para o praticante pop.

Lição 1: como subir pelo caminho que você já está trilhando, embora esteja apenas andando em círculos.


Parte 1.

Parte 2.


Shalom Aleichem. God save planet Earth; may God save us too.

Baruch atah, Adonai, eloheinu melech haolam, asher kidshanu bemitzvotav vetzivahnu lehadlink ner shel shabat.

May the Rosh Hashanah (and the Yom Kipur) bring warmth to our hearts and light to our minds.

We are all brothers (of Bird, Bean, Diz, Prez...).

Tikun Olam.


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A VERDADE


A verdade de hoje é a camiseta de daqui a uns séculos.


O anunciador da verdade de hoje é o mendigo maluco de amanhã.

Depois de amanhã, é o hype do fabricante da camiseta.


..."apagaram tudo... pintaram tudo de cinza..." - Marisa Monte


( ) Che
( ) Gentileza
( ) Jesus de Nazaré
( ) Raul
( ) Gandhi
( ) Tiradentes
( ) TRA e mais.


Se o mito pudesse voltar, provavelmente daria um susto grande naqueles que mais difundem sua mensagem. Dependendo da mensagem que tenha deixado, é possível até que quisesse uma certa prestação de contas.

Quem já viu o diabo, quem já pôde apertar a mão e optou pelo abraço, sabe qual é a versão que vinga around planet Earth.

Aliás, se chamassem o planeta de Terra, nome que inspira bem menos mongolice, bem menos sorvete na testa, talvez conseguissem se situar um pouco melhor, não é?

Earth. Duh.


"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" - autoria desnecessária.

A liberdade não é "um jeans e uma camiseta".



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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

HAPPINESS IS A BUBBLE GUM


Folha de São Paulo: "Felicidade custa R$ 11 mil por mês, aponta estudo".

Com o limite de crédito do seu banco, você pode ser feliz agora.


Existe uma pauta econômica que você provavelmente jamais vai ver em um grande jornal:

quando você vai ao supermercado ou à padaria,

quanto tempo leva para pagar as compras com dinheiro vivo?

E quanto tempo leva para pagar as compras com cartão de banco?


Se você nunca calculou (acho difícil), fique atento às pessoas na frente, na fila.


Será que, para efeitos de respeito ao cidadão - ou ao consumidor, perdão -, não faria sentido criarem filas preferenciais ou exclusivas para quem paga com cartão?

Até porque, teoricamente, dentro da noção de Estado Nacional, a moeda corrente, oficial, central, poderia ter alguma preferência sobre as moedas das empresas, não?

Ah, não fariam isso. Porque essas filas fatalmente, já no primeiro dia de funcionamento, revelar-se-iam muito mais demoradas do que as filas do dinheiro vivo.

A cada vez que uma madame ou um pobre desejoso de se 'inserir' em sei lá o quê começasse a gerar papeizinhos e mais papeizinhos, digitaçõezinhas e mais digitaçõezinhas, senhas certas e erradas, os demais associados bufariam, estalariam as línguas e catariam nos bolsos uma nota ou duas, um punhado de moedas, ansiosos por trocarem de fila de uma vez e irem embora daquele lugar.

Digo: daquela loja, daquele estabelecimento filosófico-iniciático-comercial onde os funcionários 'vestem a camisa' e sentem-se como se estivessem em casa, embora recebam apenas o suficiente para estarem ali no dia seguinte e manterem-se assim até o fim da vida, exatamente como no período imediatamente posterior à escravidão oficial, quando os servos moravam, consumiam e se endividavam nas mesmas fazendas onde antes eram oficialmente cativos.

Talvez, se, um dia, o Banco Central de algum país moderno começar a patrocinar esses telejornais, em vez de serem os Mecenas esses mesmos bancos, algo de realmente sincero seja cogitado a esse respeito.

A tendência, no entanto, é o contrário.

Por que, afinal, se usam os cartões? O argumento da segurança é o mais eficiente e pode ser aplicado a tudo. Já sabemos que, hoje, a segurança (e a insegurança) é a fé mais eficiente que se pode implantar num bicho perdido diante da vida como somos, homens mais ou menos comuns.

Medo, podemos sentir de tudo. Assalto é apenas um deles. Há ainda o medo do terror.

Sim, caro amigo do ano 2155: no início do século XXI, tínhamos "medo do terror". Toda noite, ligávamos a televisão e sabíamos do terror que nos havia espreitado ao longo de todo o dia, mesmo que não tivéssemos notado qualquer coisa de anormal ou ameaçadora a nosso redor.

Mas usam-se cartões como se usam marcas de roupas ou se pagam por esse ou aquele restaurante, onde a comida não é necessariamente melhor, mas onde se aplicam filtros sociais, estéticos e afins.

Você paga um mísero refrigerante no cartão porque acredita que é mais cômodo. Digo: você participa de algo, assim como gosta de estar a par do último lançamento do cinema, ainda que saiba, pelo tema, que o filme não lhe diz qualquer respeito. Você quer estar inserido.

Hoje, até a dita velha esquerda chega a cadeiras presidenciais e vai à televisão estimular o pobre a consumir. A idéia é que todos façam parte. De quê?

Você usa seu cartão para acompanhar o passo das coisas. Usa porque acredita que a sociedade, como um todo, dotada da mesma inteligência e desse mesmo 'bom-senso' que dizem que você tem, já que é cliente dessa empresa e não daquela, avança rumo à... felicidade.


Jornal Folha de São Paulo: "Felicidade custa R$ 11 mil por mês, aponta estudo".

Bem, com o limite de crédito do seu banco, você pode ser feliz AGORA.


Jornal Folha de São Paulo: "Crédito ao consumidor dos EUA recua US$ 3,6 bilhões em julho; Obama anuncia novos estímulos à economia".

E assim, de esperança em esperança, de nova moda em nova moda, de novo nome em novo nome, de nova marca em nova marca,

o ser humano avança na busca pela felicidade.


Apocalypse: vrs.port.séc.xxi: o dia em que o sistema sair do ar.

"Happiness is a warm gun" - The Beatles.


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terça-feira, 7 de setembro de 2010

TAMPA, FLÓRIDA


Por que afinal os homens não abaixam a tampa?

Toda a polêmica sobre a tampa do vaso sanitário repousa sobre o momento em que o indivíduo, não importa o gênero, vai ao lavabo a fim de resolver suas necessidades fisiológicas de número um.

Porque o número dois todo mundo faz sentado.

Por que homens simplesmente não abaixam a tampa? O que parece insondável é, na verdade, como na maioria das vezes, apenas um objeto pousado no exato meio do caminho.

Um homem que se aproxime de um vaso a fim de aliviar a água dos joelhos vai fatalmente levantar ambas as tampas. Faz isso por dois motivos: não deseja regar a tampa superior e considera ainda os afetos e nojos das companheiras mulheres, evitando assim que seu líquido dourado permaneça na inferior e umidifique as coxas alheias.

Sim, é claro; fosse em casa, levantaria ambas, já que também utiliza o vaso para o número dois. O número dois, no entanto, é normalmente em casa. Em banheiros mais gerais, apenas a solidariedade faz o homem suspender a tampa de baixo na hora de urinar.

Muito bem: o homem se aproxima, urina e vai embora. Não abaixa a tampa. Porque não se lembra.

Já a mulher, esse ser de anatomia diversa e deveras mais interessante, utiliza o vaso sempre em posição vulnerável. Aliás, parece mesmo que a mulher foi desenhada pelo criador para assumir posições vulneráveis. Provavelmente é ponto pacífico que são essas as melhores posições para as mulheres. É nessas posições em que a mulher se mostra mais mulher. Vulnerável.

Pois a mulher assume a posição vulnerável sobre o vaso, independente da função fisiológica que pretenda desempenhar. Assume o trono em movimento curvilíneo, descendo a calcinha até as canelas.

No universo feminino, uma tampa de vaso jamais é levantada. Não faz sentido para uma mulher levantar a tampa de um vaso, a menos que vá realizar ali uma faxina.

Sendo assim, um homem que deixe o local da função distraído vai abandonar a tampa do vaso levantada. Já uma mulher, na mesma situação, vai esquecê-la abaixada.

Mulheres tendem a defender a idéia de que deixam a tampa abaixada porque são mais civilizadas. Na verdade, fazem isso não por consciência, mas justamente pelo mesmo motivo que leva o homem a deixá-la levantada: distração. Acabaram, passam o papelzinho e vão embora.

Muitas chegam ao requinte de abandonar um bolinho de papel sobre a água, como um úmido origami que flutua sobre um lago plácido após ter navegado pelas mais belas e recônditas paragens. Diga-se inclusive que é a inspiração poética que qualquer resquício de mulher provoca nos homens que nos reprime de devolver as insinuações maldosas sobre nossa higiene pessoal.

Qualquer resto deixado por mulher tem uma mágica, uma aura, uma intocabilidade.

Já sobre o hábito de pedirem, exigirem, reclamarem, pleitearem com indignação que seus companheiros masculinos deixem a tampa abaixada após o número um, aí é a velha questão de que a mulher quer a igualdade, mas, é claro, quer que a gentileza, a concessão masculina, se mantenha acima disso.

Funções fisiológicas são automáticas. Não são involuntárias, mas concordemos que beiram a incontrolabilidade. Mesmo quando a sociedade se movimenta no sentido de limitá-las, de cerceá-las, quando não apenas descobre noções pragmáticas de higiene mas também inventa regras de etiqueta, há sempre o momento em que o corpo se entrega ao deleite de cumprir alguma missão inegociável e intransferível que lhe tenha sido destinada.

É nessa hora que qualquer impasse ou politicamente correto desce rodando em círculos.


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