quarta-feira, 7 de julho de 2010

FERRO NA BONECA


Parar...

Não tenho muito isso de parar. Ou de concluir, de ir até o fim. As coisas não têm fim. Você pode se dedicar a elas por mais ou por menos tempo.

Colher os frutos é apenas questão de tempo, verdade, mas, se é verdade que há frutos que só se colhem depois de muito esforço, foco e dedicação, há outros que caem maduros já no primeiro instante.

Saber colhê-los é também uma arte. São quase invisíveis, ainda que deixem um aftertaste impressionante.

As coisas começam e se transformam em outras, ainda que essas sejam sua antítese. Um discurso, um silêncio. Um silêncio não é o fim de um discurso.

Dó, ré, mi, silêncio, sol, si...

Não é um fim e um recomeço.

Como se diz a respeito de certas ervas, que não são um destino e nem uma estrada, mas apenas um veículo, o silêncio não é um fim que implica em recomeço. É um cavalo que você monta para levantar a próxima bandeira já lá, bem mais adiante.

Sobre as ervas e sobre o silêncio, os dois são como muletas. Um homem decrépito usa muletas, um aleijado usa muletas, mas um alpinista também.

Tudo depende da altura do monte que se quer escalar.

O silêncio é apenas uma longa e firme nota musical.

De todas as sete, o silêncio é a verdadeira oitava.

É pluft, pluft, pluft, pluft, pluft
É ferro na boneca
É no gogó, neném.


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