segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A METANÓIA E O DETRATOR


Hoje em dia, qualquer um que não seja egoísta com o conhecimento ou com qualquer outro poder que detenha é motivo de chacota.

Abrir mão da vantagem?

Vira coroinha, moralista, idealista, rótulos não faltam para o escárnio.

Lembre-se sempre de que tem gente por aí que curte. Tem gente que curte, aprecia, dá valor e chega até a se emocionar quando se aproxima.

Gente assim, que reconhece o valor, por viver em um ambiente onde poucos são assim, na tentativa de dividir a alegria que você mesmo causou pode até passar do ponto: sem muitas referências às quais possa compará-lo, você pode se perceber alvo de um elogio que nem cabe em seu ego.


Ontem ouvi: "você é muito... harmonioso. Harmonioso assim... Como o...".

Não vem ao caso quem.


Lembre-se sempre: tem gente que curte. Gente assim, que curte, que aprecia, é gente com sensibilidade. É gente com olhar atento, atento a ponto de flagrar a diferença entre o meio e o sujeito que tem diante de si. E é gente com desejo de ser melhor.


O que você pode esperar de alguém que nem cogite a existência de uma melhora, de um aprimoramento?

O que esperar de gente que subestima a vida, o aprendizado?


Gente que gosta de acreditar que já nasceu pronta, embora saiba, na intimidade, que está o tempo todo abrindo concessões a novas conclusões. Gente assim há aos montes. Gente que muda o tempo inteiro, mas que vê humilhação em flagrar-se e admitir-se carente de mudança.


Eu tenho bem clara a resposta a uma pergunta que anda circulando pela mídia, reflexo do crescimento industrial de certas religiões - ou denominações - ou seitas - ou empresas mesmo.

Hoje em dia, questiona-se:

por que é que os evangélicos de hoje são sempre os drogados, os bandidos, os canalhas, os assassinos de ontem?

Será que é preciso descer ao fundo do poço para ver realmente a luz de verdade? Será que eu, que sofro como todos neste planeta, não pude já ver toda a luz que há para ser vista? Por que acreditar que preciso ir até o que há de mais negro antes que comece uma subida?


É simples. Porque a mudança de rumo vem do sofrimento, sim, sem dúvida, mas não é apenas o sofrimento que vai garantir a mudança de rumo.

A mudança, que os gregos chamavam de metanóia, vem de o sujeito perceber-se sofrendo. Ao perceberem-se sofrendo, algumas pessoas são capazes de perceber que sofrem por conseqüência de seus próprios atos. Ao perceberem isso, algumas tantas notam inclusive que não adianta endurecer a coluna e defender seus próprios erros até o túmulo.

Tendo percebido isso, a inutilidade de negar a própria realidade, começa a nascer no indivíduo algo sobre o que não adianta falarmos: ou se vive ou não se vive.


Refiro-me ao arrependimento.


É quando o homem percebe que seu sofrimento é fruto de suas ações, e quando nota que vem tomando as decisões erradas, fazendo multiplicar-se aquele sofrimento inicial, que nasce em seu peito o arrependimento.

Do arrependimento, como citavam os gregos, surge a mudança de rumo.


Sempre que ouvir alguém dizer que só se arrepende do que não fez, tenha certeza de estar diante de um cego.

Sempre que alguém classificar uma idéia ou um ato seu como moralista ou idealista, tenha certeza de estar diante de alguém que ainda não entendeu o processo.


Alguém cuja visão não vai muito além desse véu.


É como costumo dizer:

se eu estiver certo, não adianta discutir comigo;
se eu estiver errado, não adianta discutir comigo.


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2 comentários:

caco ishak disse...

não vou discutir contigo.

Carlos Jazzmo disse...

HAHAHAHAHAHA.

seu mandrião.