Carlos,
deixe de ser teimoso.
Você já aprendeu que fiar-se em qualquer coisa externa a você para alcançar alguma forma de felicidade é abrir mão de uma plenitude que sempre esteve aí; é tratar a si mesmo como um aleijado, como uma prótese de alguma outra coisa.
Você já aprendeu isso. Passa o tempo inteiro encarando um mundo que não pensa assim, conhece muita gente que discorda disso, mas, mesmo assim, quando se dá conta, está flagrando o mesmo princípio se repetir ou com você ou com as pessoas em volta.
Você já aprendeu. Você nasceu do jeito que nasceu, não há nada errado ou insuficiente em você, você tem o corpo sadio, tem uma mente que se abre sem maiores dificuldades, tem um temperamento pacífico - quando está no seu elemento - e tem afeto de sobra para si e para distribuir.
Você já aprendeu isso tudo. Então por que insiste em desafiar a si mesmo?
Quando você disse a si mesmo "qualquer coisa externa", era realmente "qualquer coisa" externa. Então compreenda que "qualquer coisa" que você decida ignorar nesse sentido vai fatalmente vir carregadinha de karma.
Há certas coisas que você prefere continuar fazendo. Talvez por não se achar pronto para abandoná-las, talvez por não se ver ainda tão corajoso quanto poderia ser. O fato é que você escolhe. Você as elege. Então procure abrir essa exceção apenas para aquilo cujo karma - já conhecido - te parece contornável. Já não é o ideal, mas, admito, você não é apenas idéia. Parte de você é realmente coisa e deve ser cuidada como qualquer coisa de valor.
Já sobre outras coisas, você sabe perfeitamente que, ainda que decida tratá-las com alguma dose de cinismo ou distanciamento, vai dar com a cara no muro. Porque vai desvirtuá-las por completo. Vai fazer com que elas percam o sentido. Então não se lance em direção a nada que vá anular o grande estado que você já alcançou e que, a cada esquina, a cada distração, tem realmente ajudado de alguma forma as pessoas que estão à sua volta.
É amor que você quer? É realmente amor? Está faltando amor aí?
É segurança? Você está inseguro? E conhece algo nesta vida que seja garantia real de segurança; algo diferente de traçar seu caminho de maneira atenta e jamais deixar de brandir a chamada arma da atenção? Você conhece algo externo a si mesmo que possa te garantir essa tal segurança?
Você vai insistir no erro de esperar por algo externo?
E vai esperar isso tudo de alguma pessoa, justo quando cada um está suficientemente sufocado por seus próprios dilemas? Vai eleger uma pessoa para conversar sobre como o mundo inteiro é torto? Essa pessoa, por algum acaso, será externa ao mundo?
Carlos,
você já sabe disso tudo.
Procure não dar tanta bobeira. É seu coração que te pede.
Por favor.
.
sábado, 29 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário