quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

OS ASSUNTOS DOS HOMENS


A mulher tem três estágios:

. no primeiro, ela quer aprovação;

. no segundo, ela quer acolhimento;

. no terceiro, ela quer devoção.

No primeiro momento, seus problemas de homem a fazem cogitar outra pessoa. Porque te tornam menos interessante e porque mulheres querem associar-se ao mais "forte" da tribo.

No segundo momento, seus problemas são muito bem-vindos. Servem para criar intimidade e cumplicidade, valores que, segundo elas, são uma via de mão-dupla.

Já no terceiro momento, seus problemas são uma sentença de morte. Mulheres gostam de ser o foco de seus pensamentos, além do fato de quererem ser entretidas. Um homem com problemas não é divertido. Alguém assim as faz pensar que poderiam estar se divertindo mais em outro lugar.

Érico, amigo meu das antigüidades, já comentou certa vez:

"estou sem grana para namorar".

Minha última mudança, de Brasília para São Paulo, custou R$ 1.500,00. Caro, não é? É que eles calculam o valor utilizando também a estimativa do seguro, caso algo ocorra com seus bens. Esse seguro é calculado com base nos valores que você mesmo informa. Ou seja: se você prezar demais por suas coisas, a transportadora lucra com isso. Quanto mais valor você der a seus bens, mais eles vão cobrar para lidar com eles.

Agora pedi um orçamento a algumas empresas. Mudança de Sampa para o Rio.

Um amigo ofereceu o orçamento de R$ 600,00.

Uma outra empresa disse R$ 1.500,00.

Mas a transportadora Fink, uma terceira fonte, ofereceu a proposta de R$ 4.000,00.

Sim, quatro mil reais.

Eis aí uma prova concreta de que Deus não se intromete nos assuntos dos homens.

Alguém já parou para pensar que toda vantagem implica na desvantagem de uma segunda pessoa?

Como ficaria o mundo se, em toda parte, todas as atividades fossem regidas pela ética da vantagem?

Ficaria como está.

Dê bobeira. Veja seu companheiro te passando a perna com um luminoso sorriso no rosto.

Outro dia, caí na besteira de comentar sobre meu lado mais... espiritual com algumas poucas amigas.

Desde então, não há um só dia em que eu não ouça piadas que contraponham monges hindus ao desejo sexual dessas meninas.

Não, nada mais é sagrado.

Não, não adianta pedir que parem. É mais forte do que elas.

Aliás, se há outra função para homens, junto a mulheres, é ter de arcar com toda a hostilidade que elas não sabem onde colocar. Hoje em dia, não conheço brincadeira mais constante do que o joguinho de ciúmes, o deboche, a hostilidade entremeada a pequenos xingamentos, só de brincadeira, e a tensões decorrentes de você simplesmente não querer brincar daquilo.

Mas é tudo sempre brincadeira. Mulheres não costumam ser capazes de olhar para si mesmas muito abaixo da superfície. Foram ensinadas a viver das aparências. Logo, são incapazes de perceber que suas brincadeiras expõem mais sobre si do que decotes, minissaias e alisamentos japoneses.

Diz-se - e compreendo - que o celibato é um ato de amor. O que tenho colhido, no entanto, é a frustração mais extremada por parte do sexo oposto. Como se, em vez de retirar-se do jogo, manter-se celibatário representasse recusá-las a todas.

Já formulei a teoria do amigo gay. Acredito que gays são bons amigos para mulheres porque não as põem em xeque. Um homossexual não vai pegar você, não vai pegar aquela sua amiga que te deixa inferiorizada, tamanha a robustez do bumbum, não vai criar nenhuma escala de interessância entre as meninas. O amigo gay é neutro, é café-com-leite e não deixa as inseguranças à prova.

Já o heterossexual celibatário, no mundo de hoje, passa pelo esnobe da pior das espécies. Como podem lidar com um homem assim as mulheres cujo sonho é serem aprovadas, acolhidas e louvadas? É como se você as jogasse de lado.

Afinal, diz o ditado que parece cada vez mais real, "amigo de mulher é cabeleireiro".

Quatro mil reais na mudança. Mulheres debochando do que antes as caracterizava: a sensibilidade, o cuidado, a distância respeitosa das relações que as transformam em simples objeto.

Outro dia, certa moça que se queixava da brutalidade dos homens sentenciou-me como alguém cheio de frescuras.

O que será que ela quer?

Devoção.

Uma vez, seis anos atrás, eu estava de bob's pelo Baixo Gávea, tomando um chope na calçada, no balcão do Braseiro, quando um coroa de seus cinqüenta anos, todo vestido de branco, me interpelou e começou a conversar sobre a vida.

Ali, falando sobre mulheres, lançou o termo devoção. Ele disse e perguntou:

"você é um devoto?".

Completou o pensamento com um longo suspiro, um gole no próprio chope e um reflexivo "pois é".

Amor pela verdade, isso não há ali. Mulheres querem ilusões. São viciadas em ilusões. Ainda mais hoje em dia, quando a ilusão tornou-se um valor diria até emocionante. O direito à ilusão.

Quando ouvir dizer que algum padre, monge ou sacerdote de qualquer espécie é homossexual, veja se foi uma mulher quem disse. Se tiver sido, apenas afague sua testa, sorria e vá se ocupar de algo que possa dar certo.

Quatro barão na mudança. Mulheres lutando para ocupar a vitrine.

Não tenho a mais tênue sombra de dúvida: Deus não se intromete nos assuntos dos homens.

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