quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O MAR, O BOI E O CÉU

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Faz tipo um ano, eu decidi sair de Brasília e vir para São Paulo. Como eu estava em Brasília, isso é outro assunto. O fato é que um dia eu acordei, depois de muito tempo pensando, e descobri que precisava vir cuidar das minhas músicas.

Cuidar das músicas não seia necessariamente ficar famoso, embarcar em algum delírio cafona ou coisa assim. Cuidar das músicas seria admitir a mim mesmo que eu sinto falta de compor, de tocar e até de cantar, coisa a que eu jamais havia me arriscado, por puro, simples e profundo medinho.

Dizem que se você nunca sentiu medo, vergonha ou dor, é porque nunca se dedicou ao que realmente te importa.

Mas então eu decidi vir para Sampa e cuidar das músicas. Vi que havia muita coisa no mundo que não ia mudar por pura decisão minha, concluí que o mundo é o somatório das vontades e da falta de ação de todas as pessoas e resolvi me concentrar no que vinha dos mais profundos recônditos de mim mesmo.

Foi nessa hora que a música gritou. Como sempre havia gritado. E eu sempre ignorara.

É que é aquilo: no mundo de hoje, o que mais tem por aí é gente que nasce engenheiro e QUER viver de ser artista. Problema nenhuma. Mas como você faz quando NASCE artista e quer brincar de alguma profissão mais formal?

Sim, porque SER artista é pior do que ser pisciano. É uma condenação mesmo. Acho mais confortável ser outra coisa.

Mas então eu decidi ir fundo na música. E um dia, já em São Paulo, falando sobre minha idéia de não tocar em nenhum assunto que estivesse abaixo do éter, a fim de não poluir meu sensível espírito de artista, acabei abrindo uma concessão de macho e disse que apenas três coisas deste mundo visível me interessavam:

o mar, o boi e o céu.

Meu brother Brunoc sugeriu que fosse o nome do projeto. Possa ser.

O lance é que ter um projeto ainda é um projeto. Ou não?

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