quarta-feira, 18 de novembro de 2009

PRIMEIRAS LETRAS: PRIMEIRO DISCO?

.

Namaskar,

eis aí minhas primeiras dez letras da fase nova, todas já musicadas e prontinhas:


Quarta-feira em brasa

- Tava na cara. Tudo desabou, nem vi você sair.
- Tava na hora. Quanto dissabor eu tive de impedir.

Você sabe o que eu faço: faço a fumaça subir.
Você sabe onde eu me acho: baixo do meu buriti.
Você estava ao meu lado.

Você sabe onde eu passo. Traço um clarão trás de mim.
Você sabe o que eu acho? Abre as janelas que eu vim.
Vou pousar em seus braços.

Ai, longo inverno das saudades, rebenqueado tamborim,
fevereiro eu beiro a insanidade. Não sou senhor de mim.
Amanhece a quarta-feira em brasa.
Não pergunte de onde eu vim. Procurei você de casa em casa.
Vê se não me arrasa que eu não demorei assim.


Tudo ipanema com você

Vou caminhar do Posto Nove ao Country Club
Pra ver se o mar vai te buscar.
Lógico que eu vou corar, mas vou dizer

Oba, tudo bom? Quanto tempo faz?
Te vi no Leblon para nunca mais.
Até quem sabe o verão, se eu der azar,
ou um domingo no baixo ou no Estação...

Deixa rolar.

Não vou chorar. Triste animal dos trópicos,
à beira-mar, em seu penar turístico.
Eu vou dizer

Oba, tudo bom? Quanto tempo faz?
Te vi no Leblon para nunca mais
Até quem sabe o verão, se eu der azar,
ou um domingo no baixo ou no Estação...

Deixa rolar.

Até pensei de a luz da orla se acender,
ser reveillon, mas ninguém ver,
ter futebol pela tevê...

Deixa Ipanema acontecer.


Indisciplina

Pare de se preocupar. Ainda que a noite acabe na indisciplina,
ninguém vai se incomodar. Quem foi que nunca amou?
Isso já é rotina.

No mais, alguém vai dizer "aqueles dois vão conseguir se machucar"?

Pare de se complicar ou eu vou lhe passar uma descompostura.
Dar as costas para o mar? Então você não sabe, isso é uma gostosura.
No mais, se a onda bater, eu quero ver você pensar em se afogar.

Depois, se a onda bater, não olhe pra mim:
não inventei se apaixonar.

Depois, se a onda bater, não olhe pra mim:
eu, sol exposto em pleno mar.


Milagre

E eis a hora da ave-maria.
Trago a saudade pra me acompanhar.
Nunca mais, bendito dia, eu vi cantar
Guriatã do Coqueiro ou sertão ou luar.

Eira nem beira, bar em bar...

Onde eu for, trago em milagre o dom do nosso amor.
Mundo feito de maldade e horror.

Wonderful, trago em milagre o dom do nosso amor.
Tudo em volta é só paisagem e dor.

Nada mudou. Nada acabou.
E eu disse "vai, meu coração.
Vai com Deus, que eu voltarei.
Adeus".

Lá vai ela ao mar

Que vida bacana... acostumei.
Menina sacana a peso-rei...

Din-din-din-din-din...
Arram...

Até você, fingindo que não gosta,
vai perceber que a vida é uma aposta no amor.

Muito natural e especial. Bobeira é não se permitir.
Muito natural, especial, bobeira é não querer dividir.

Lá vai ela ao mar. Ô, esquindô, esquindô.
Acho que eu vou também.
Me espera.


Se isso não te dói

Se isso não te dói, se faz sentir bem,
se as dores que guardei por ti
são flores que eu roubei,

se isso é natural, se é ser feliz,
sem mentir, se é perdoar, amar,
antes que eu vá,

Me ensina a te esquecer. Não lembro mais.
Se eu ganho em te perder, eu nunca quis jogar.
É a noite amanhecer, não durmo mais.
É o dia anoitecer pra eu ouvir você chegar.


Feliz aqui

Hoje é o dia: já não dói viver sem você.
Eu não sabia como aquela velha canção me fez sofrer.

Há quanto tempo eu quis dizer
que todo o horror se acabou.
Agora, longe de você, o que restou
fui eu feliz aqui.

Hoje é o dia: já não vale a pena esperar hora ou lugar.
Minha alforria foi tardia, mas é manhã.
Minha manhã.

Nem mais um dia seu. Agora estou em paz.
Você não me entendeu:
não volto mais.


A Entidade Universal do Amor

E o tempo até parou quando eu te vi dançar.
Isso nem é cantada. Dá pra acreditar?

É a entidade universal do amor que nunca vai me abandonar.
E se eu sentir ciúme, eu sei, você vai me tranqüilizar.
Me matar.

E aí já era um vício, meu amor. Não dava mais pra controlar.
E aí já basta o mundo contra nós, tentando nos separar.
Eu só quis sair de cena pra compor outra mentira pra me justificar.
Outra farsa pra eu poder chamar de amor, uma outra vida pra me reinventar.


O jogo do sofredor

Vai, levanta. Perder um amor haveria de machucar.
Olha só quanto sofredor procurando com quem brigar.

Ah, quem nunca se deu ao horror de ferir só pra se aliviar?
Ah, quem nunca viveu em dor, não sangrou até pra respirar?

Ah, Mangueira, meu beija-flor, pára um pouco pra contemplar.
Esse jogo já se acabou. Jogo ruim de se abandonar.

Ah, quem nunca se viciou em descer só pra ver onde dá?
É o jogo do sofredor: eu preciso de alguém pra culpar.

Ah, quem nunca viveu em dor, não sangrou até pra respirar?
É o jogo do sofredor: se eu te agrido é pra poder chorar.


Fazenda Éden

Olha o boi. Olha só a boiada.

E o cachorrinho vai conferir na coragem.
Vai desbravando a paisagem.
Vai se assanhar pro lado do boi.

Olha o sol, olha só a alvorada.

Manhã cedinho, tudo já foi dito.
Agora só falta sentir.

Vai se abraçar com o outro e com o outro.

Olha o boi, olha o sol, namorada.

Tudo verdinho e o céu é tão bonito.
Seis da manhã, meu Brasil.

Vamos cantar até fazer coro.
Vamos nos amar até não haver dor.
Vamos tentar até fazer gol.


Por enquanto, tem ainda mais uma letra sem música, além de umas quatro músicas sendo compostas ao mesmo tempo.

É, é assim mesmo. Vai vendo.


Resplandeia

- Há de aparecer alguém.
- Ô, malandragem, quem será?
- Há de aparecer alguém. Um cabra que possa me explicar:

Se o tempo é capaz de tornar róseo o mais cruel dos infortúnios,
e a mais singela de todas as rosas em desafortunado testemunho?

- Ô, malandragem, vou me adiantar.
- Ô, malandragem, alto lá.
- Há de aparecer alguém.
- Ô, malandragem, quem será?
- Quando aparecer alguém, a malandragem vai bolar:

Vossa mercê alumeia. É luz, claridão, lampeia tudo.
Vossa mercê resplandeia.

- Vou falar das coisa pra suncê:
unidunitê escolhe entre o nada e o nada.
Mal-me-quer de grande amor.


.