sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
PLANETA COMÉRCIO
Ontem, por pura obrigação, acompanhei por dez minutos a questão sobre o encontro de Copenhagem, na Dinamarca.
Sim, a discussão sobre o que é melhor: manter o lucro de algumas empresas, que teriam um custo muito alto para parar de destruir o planeta, ou salvar a espécie humana.
Sim, porque, a menos que estejam mentindo e falando sobre fenômenos cíclicos, a humanidade está ameaçada e já se sabe que a causa são as emissões de poluentes, feitas em 90% dos casos por grandes empresas.
Os outros 10% referem-se à poluição causada pelos produtos dessas empresas. Produtos que, mesmo tendo sido flagrados, não se cogita parar de produzir nem por um segundo.
Nos dez minutos em que estive a par do assunto, ouvi duas informações gritantemente desconexas:
1. o único acordo de peso promovido até aqui foi o Tratado de Kioto. Esse tratado foi assinado em torno de todo o planeta, mas os EUA ficaram de fora. Agora, Copenhagem é uma segunda tentativa de acordo em menos de dois meses. No último, os EUA se recusaram a participar. Neste, recusam-se a ceder.
2. a maior empresa de comunicação do país, que não passa um dia sequer sem citar o governo dos EUA como se fosse o governo mundial, diz que apesar dos esforços dos EUA, não houve ainda acordo.
Cheguei até a ver o palhaço Schwarzenegger, o exterminador do presente, dizendo que não podemos esperar nada de governos. Não? Que diga isso à grande imprensa. Que diga a todos que fizeram papel de palhaço ao votar no fantoche do yes, we can.
Agora eles não podem, não é?
Vi também o desgovernador Serra, responsável pela lei anti-fumo. Um grande avanço para o planeta. Serra estava ali, garantindo as imagens de arquivo para a campanha presidencial de 2010. Enquanto isso, São Paulo vai muito bem, obrigado.
Não sei quanto aos amigos, mas eu não tenho mais nem paciência para a estupidez humana. Nos tempos em que discutíamos questões ditas ideológicas, havia uma série de argumentos para defender que a tal empresa de comunicação não fazia parte do grupo de empresas que estranhamente saíam sempre ganhando. Na época, a empresa apenas refletia o bom-senso de sua direção.
Mas e agora?
Até outro dia, Barack Obama era o cavalheiro que vaselinava os discursos, mas mantinha toda a política de seu antecessor: manteve a invasão ao Afeganistão, manteve o caos do Iraque, continuou de gracinha com a Coréia do Norte, manteve a prisão de Guantánamo, manteve a ajuda aos banqueiros golpistas que destruíram a economia do país (e da população), manteve as políticas de saúde que excluíam os mais pobres e não mudou absolutamente nada no cenário internacional.
Era apenas mais um Senhor da Guerra.
Até que a ilibada comissão do Prêmio Nobel resolveu laureá-lo com o Nobel da Paz.
Elevou-se então a polêmica pelo planeta. Nobel pelo quê?
Logo surgiram algumas vozes, inclusive a da já citada empresa de comunicação, alegando que o prêmio referia-se ao futuro. Referia-se à personificação da esperança da humanidade, o senhor Barack Hussein. Disseram que o prêmio sinalizava uma mudança de caminhos. Algo que logo poderíamos todos testemunhar.
Semana passada, no entanto, Obama recebeu o prêmio. E discursou dizendo que manteria todas as guerras e que a guerra era uma maneira legítima de promover a paz.
Ouvi isso na mesma empresa, que não trouxe contexto nenhum, não debateu nada e fechou mais uma matéria como se falasse sobre um Messias.
Foi preciso menos de um mês para que mais uma mentira fosse deixada pelo caminho e ninguém se desse conta disso.
Durante pelo menos quinze anos, acompanhei o noticiário político nacional e internacional. Passei dois anos na capital do Brasil, estudando a fundo a nossa política e a política dos pelegos, que realmente crêem que nossa capital está em outro país.
Até que desisti.
Volto a levar o noticiário internacional a sério quando cada menção a país estrangeiro vier acompanhada da seguinte informação:
é uma democracia?
A Arábia Saudita, por exemplo, não é. E é "aliada" do "Ocidente". Por que será?
Dubai não é uma democracia. Nem Abu-Dhabi.
Você vê esses lugares como sinônimo de terroristas e ditadores?
Ou os enxerga como economias dinâmicas que podem oferecer bons negócios? Por que será?
Enquanto a informação sobre o tipo de governo for tirada da manga apenas para tratar de países que não se dobram de olhos fechados ao livre comércio (ou à liberdade de um certo grupo de empresas para dominarem territórios outros), considero tudo conversa para boi dormir.
Pensem no Iraque. Até o dia X, o Iraque era uma ditadura não só aliada como ainda financiada por alguns países. Exatamente como o temível Taliban. Até que o ditador iraquiano engrossa o jogo. Aí invade-se o país do sujeito, enforca-se o sujeito em praça pública, com transmissão integral pela TV, e loteia-se o país inteiro entre empresas daqueles mesmos países.
Hoje, o Iraque é quase um território privado.
Estou esperando uma novidade.
Se você mora no Brasil e esteve aqui durante o último ano, certamente ouviu falar sobre o sistema de castas da Índia.
Sim, a expressão é ouviu falar, já que você foi informado sobre como a sociedade indiana encara hoje o sistema. Não lhe foi levada nenhuma informação sobre a razão que havia por trás daquilo.
Não que fosse difícil explicar. Não levaria nem um bloco de capítulo de novela.
Duvida? Olha só:
imagine que seu pai seja um açougueiro. Agora imagine que você nasça com dotes artísticos. Será que você será um açougueiro? Ou será um artista?
Pois é: o mundo é feito daqueles que trabalham com os braços (de Brahma), somados aos que trabalham com a voz (de Brahma), somados aos que trabalham com as pernas (de Brahma)...
O mundo tem de tudo. E é necessário que cada coisa seja respeitada e preservada. O açougueiro, o artista, o soldado, o comerciante...
O que aconteceria se todos fossem artistas? Quem cuidaria da louça? E se fossem todos guerreiros? Quem cuidaria dos mortos?
Não sou um comerciante. Não nasci assim.
Não sou um comerciante, não sou um guerreiro, e a RAZÃO não me leva a aceitar que qualquer infeliz tenha mais direito ao planeta do que eu.
Ainda assim, qualquer criança de cinco anos já conhece os conceitos de vantagem, competição, ameaças, segurança... Só não sabe tocar um piano. Só não sabe olhar para si mesma e perceber que já está viva. Enquanto não surgir alguém que lhe diga o quanto ela vale, ela não será nada.
E como o valor das pessoas, hoje, está diretamente ligado ao tempo durante o qual elas podem apenas consumir, obedecer e votar sem pensar em nada, parece que todos nascerão e morrerão objetos.
Ainda sobre política, até aqui, já está perfeitamente claro para mim o seguinte: se um líder qualquer abre as pernas para essas mesmas empresas atuarem, ninguém cita a maneira como ele governa.
Se, por outro lado, ele fecha as pernas, o "mercado" pressiona, até que se canse e declare guerra.
Essa sim, no nosso planeta, é a concorrência de verdade: a guerra.
A única liberdade que está sendo de fato defendida é a liberdade de certas empresas atuarem sem qualquer controle e tornarem-se nosso novo governo. Já são as mesmas pessoas que dirigem empresas e países. Caso concreto? Robert MacNamara foi retirado da direção da GM e alçado a Secretário de Defesa (ou ataque?) dos EUA.
Outro caso concreto? Empresas são expulsas dos EUA porque emporcalham tudo e são bem recebidas no México, já que um governo corrupto e sócio daquelas empresas não teria por que impedi-las.
Sócio? Como assim? Bem, sem entrar na intimidade de ninguém, basta pensarmos: quem é que financia as campanhas políticas por aí? Quem é que garante a imagem dos candidatos antes, durante e após as eleições? Não são essas mesmas empresas?
Essa sim, no nosso planeta, é a concorrência de verdade: a guerra.
O resto são grupos de empresários reunindo-se e decidindo que quinhão do mundo vai ficar com cada um.
Pense: como uma quitanda pode competir com o grupo Pão de Açúcar? E qual o problema de o mercado ser inteiro dominado pelo Pão de Açúcar? Nenhum, a não ser o imenso fluxo de dinheiro que fica garantido para que essas mesmas figuras possam nos iludir com todo o seu padrão de qualidade.
Qual o problema de colocar o planeta nas mãos de um mesmo grupo, além do fato de que esse grupo vai nos usar como for mais conveniente?
Aqui, não existe mais política; só existe economia. Os últimos dinossauros que tentam fazer política, levando em conta a totalidade das pessoas, são atacados como se fossem fanáticos religiosos.
E enquanto isso, os verdadeiros fanáticos abrem mão de sua parcela humana e livre para ascenderem em uma hierarquia que só os leva - e a todos nós - cada vez mais para baixo.
Pior do que o sistema de castas da Índia é o sistema de castas de uma certa sociedade discreta, que coloca no patamar mais alto aqueles com maior capacidade para diminuirem os demais. E para abrirem mão de si mesmos.
É assim que é feito. Provas? Procure-as.
Quando olho para Barack Obama, vejo a pilha de livros que ele deve ter lido, entregues ordenadamente por algumas figuras acima dele. Um catecismo mesmo.
Não preciso visitar a biblioteca da Casa Branca para saber.
Tenho certeza de que Obama adora Henry Kissinger, embora não goste de Aristóteles. Se levasse o grego a sério, não seria do time que crê que a verdade é apenas uma mentira colorida e com alto padrão de qualidade. Se lesse Aristóteles, concordaria que a falta de noção descende da ignorância. Mas gente assim jamais se crê ignorante. Gente assim é vaidosa, quer ter poder e acredita que a verdade está do lado de quem vence o duelo.
Como na Idade Média mesmo. O pensamento desse povo vem de lá.
Sei também que Obama deve desprezar Platão. O mito da caverna, de Platão, é seguramente o primeiro exemplar do que hoje é chamado de teoria de conspiração. Se os amigos conhecem o texto, acredito que concordem comigo.
Para usar os termos difundidos pela bobagem oficial, Platão é o primeiro autor conspiratório da História.
Obama deve gostar de Madame Blavatsky, de Samael Aun Weor, de Albert Pike, aquelas figuras do século XIX que emergiram das trevas, trazendo um arremedo do conhecimento oriental, e converteram tudo em mentira, manipulação e dominação.
Teorias racistas são apenas um exemplo. E percebam que o grande mérito de Obama é ser negro. Raça, certo? A própria Klu Klux Klan, cujo fundador tem uma estátua em Washington, pronunciou-se oficialmente, dizendo que Barack "não é realmente negro, mas apenas metade".
E qual o apelo do presidente junto ao povo? Ora, ele é negro! É preciso mais do que a cor da pele para rotular alguém?
Piedade dos negros. O produto de menor valor. O objeto complexado, que morre de emoção com qualquer afago. Tão vaidoso quanto qualquer branco.
Black is beautiful? Não, amigo. Black is black. As beautiful as any other COLOR.
Ou negro não é mais cor também? É a afrodescendência comemorando o Dia da Consciência Negra.
O que importa é o rótulo. É a embalagem. Hoje, isso é ponto pacífico. Com uma boa embalagem, todos ficam satisfeitos.
A mesma pura vaidade que leva um negro a votar em alguém apenas por ser também negro leva uma Hillary Clinton a ameaçar militarmente toda uma América Latina, apenas pelo fato de ser mulher.
Sei que Hitler lia essas pessoas. Sei de onde o infeliz tirou boa parte de suas idéias. Foi desses autores que ele tirou toda sua simbologia mágica. E foi das teorias, da RAZÃO dessa gente, que se criou o Terceiro Reich.
Vocês já ouviram falar nos bravos U.S. Mariners, certo? Aqueles que aparecem nos filmes, salvando a humanidade dos piores monstros. Aqueles, os únicos do filme que têm o dia-a-dia registrado, que têm nomes próprios e histórias que deixaram para trás, na Carolina do Norte, namoradas sardentas que nos levam a nos identificar com eles.
Sim, porque os soldados inimigos não têm nome, não têm honra, não têm nem mãe.
Sabiam que o quartel-general dos Mariners é um prédio em forma de suástica? Nunca viram isso, certo?
Mas deve ser pura coincidência. Assim como a estátua de Pike. É que todas as minorias merecem seu espaço mesmo. A começar pelos negros do Mississipi. Oquei.
Falando sobre o Quarto Reich, cito algo interessante: quando recebeu o risível Nobel da Paz, o presidente Obama argumentou que "pacifistas não seriam capazes de derrotar as tropas de Hitler".
Já eu tomo a liberdade de pedir a palavra ao fantoche Uncle Tom e dizer que pacifistas não teriam criado Hitler, por maiores que fossem os lucros previstos.
Quanto custa a sua mente? Menos do que uma assinatura de TV a cabo.
Quanto vale a sua vida? Depende. Varia entre o nada e a cotação oficial do dólar.
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2 comentários:
Saludos, Jazzmo. سلام.
Curti este teu post enorme. Mas umas dúvidas:
1) Qual fundador da Ku Klux Klan tem estátua em Uóxi? O John B. Kennedy ou o William Joseph Simmons?
2) Qual é o QG do Mariners, é esse? http://www.treehugger.com/files/2007/10/us_navy_barracks.php
Beijocas, tudo de melhor, ano novo taí.
Darisbo
Grande rapaz.
O fundador da KKK que tem estátua é o Albert Pike. O papel do Pike na História é bem maior que esse. Vale a pesquisa com os dois nomes juntos: Albert Pike e Giuseppe Mazzini. Vale mesmo.
O prédio da Marinha... Grande treehugger.
Grande você.
Beijo, valeu e feliz ano novo!
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